quarta-feira, 6 de julho de 2011

Bar dos Comunistas

Hoje eu sonhei com uma reunião entre comunistas.
Homens barbudos, voz grossa, um cigarro no canto da boca e um autógrafo de Karl Marx no bolso, sentados nas mesas bambas ou nos balcões sujos. Estão reunidos em um bar qualquer no centro da cidade, trovejando teorias utópicas e reclamando, entre uma cerveja e outra, que a localização do bar estava errada: “Não deveria ser um bar de esquerda? O que a gente está fazendo aqui no centro?”.
Eles discutem sobre política, futebol, novela. Chegam até a fofocar:
“Você ficou sabendo que Che e Fidel estão tendo um caso?” – um jovem historiador perguntou baixinho ao rapaz ao seu lado.
“Pobre Raul, vai ficar arrasado!”
Quem foi que disse que homem não fofoca?
Raramente uma mulher é vista bebendo na companhia desses homens. Não que todo marxista seja machista. É só que poucas mulheres se interessam por tais ideais. Seria muita hipocrisia comprar um vestido vermelho Gucci e um par de sandálias Louis Vuitton e passar horas no salão de beleza pra discursar sobre como o capitalismo é injusto e o que deveria ser feito para melhorar o socialismo de Lenin.
Soube que Deus foi proibido de entrar nesse bar. Eles dizem que o Cara foi barrado porque a maioria não acredita na existência Dele; mas anda correndo o boato por aí de que eles só estão chateados mesmo. Parece que Ele foi visto andando de mãos dadas com aquele cara esnobe, o tal de Capitalismo. Pobre Deus, não sabe no que está se metendo.
Enquanto eu percorria o Bar dos Comunistas, passando pelos banheiros, pela cozinha, observando cada gesto de cada criatura ali presente, percebi uma coisa engraçada. Não tinha garçom. Não avistei em nenhum lugar nada que se parecesse remotamente com um garçom. Tinha só um bartender, que entregava a bebida ou comida e depois traçava, num caderninho, uma linha vertical ao lado do nome do cliente. Só descobri depois que aqueles tracinhos eram o tanto de bebida que a pessoa já tinha comprado. Porque lá eles dividem a bebida igualmente para todos, então há uma quantidade máxima que cada um pode receber. Essa também é a razão para ninguém ter me pagado um drink.
Pena que eu acordei logo na hora que ia começar o “voz e violão”.

Ell Fiscina

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